As extraordinárias cores do amanhã - Emily X. R. Payn | Resenha

Leigh Chen Sanders é uma garota meio asiática, meio americana, e precisa lidar com um fato: no mesmo dia em que beijou Axel, seu melhor amigo (e paixão secreta há anos), sua mãe se suicidou. Além disso, Leigh tem plena certeza de que a mãe virou um pássaro. Ao viajar rumo a Taiwan para encontrar os avós maternos pela primeira vez, ela está determinada a também encontrar a mãe, o pássaro. Nessa busca, a garota precisa enfrentar fantasmas antigos ao descobrir segredos da família e desenvolver uma nova relação com seus avós ao mesmo tempo em que lida com o próprio luto.
Alternando entre o real e o fantástico, o passado e o presente, a amizade e o romance, a esperança e o desespero, As Extraordinárias Cores do Amanhã é uma história maravilhosa e profunda sobre como se encontrar a partir dos laços com sua família, sua arte, sua dor e seu amor.
Jovem adulto, ficção | 480 páginas | Editora Universo dos Livros 

Leigh há anos nutre uma paixão platônica por seu melhor amigo Axel. Depois de tantos desencontros, ele enfim toma coragem e a beija. O dia não poderia ter sido o mais estranho e feliz de sua vida, até a garota voltar para casa e descobrir que sua mãe acabou de se suicidar. 

O mais estranho ainda é que um dia após sua morte, um pássaro grande e vermelho aparece empoleirado na janela da casa de Leigh e a chama. A voz tem o som da voz da sua mãe. Leigh acredita fielmente que sua mãe se tornou um pássaro. Tudo se confirma quando o mesmo animal aparece depois com uma caixa destinada a garota. Nela há cartas e um pedido dos avós maternos para que ela os visite em Taiwan.
Leigh nunca conheceu os avós e a família pouco falava sobre eles. Tudo o que ela podia perceber é que sua mãe nutria muitas mágoas pelos pais. Agora em uma nova cidade, mal conseguindo entender mandarim e muito menos quem são seus avós, ela está disposta a descobrir o que a mãe quer antes que seja tarde demais.

As extraordinárias cores do amanhã é um livro que me deixou com sentimentos e emoções confusas. Ao mesmo tempo que é leve e doce abordando um assunto delicado como luto, suicídio e depressão, é um livro monótono, chato e um tantinho cansativo. Eu terminei a obra em apenas um dia porque esse livro é daqueles que se você parar, talvez não queira retomar a leitura, sendo assim, pra não correr risco, eu li tudo de uma vez.

Preciso primeiro pontuar a narrativa da autora que é estreante. O título não passa despercebido. A visão do livro se dá por Leigh, e como a garota tem uma forte relação com artes, todos seus pensamentos são pontuados por cores. É uma forma poética de narrar sensações que seria difícil demais para nós compreendermos ou explicarmos, mas também é confusa, porque não entendia metade das nuances e cores dispostas na narrativa. Além disso, deixa mais cansativo um livro que já é meio parado. 
Leigh é uma personagem que causa muitas sensações. Entendemos sua perda, sua dor e o luto. Só que apesar disso, não vi a personagem se deixar chorar ao menos uma vez a perda da mãe. Não conseguia entender como uma garota de apenas 16 anos se mostrava tão abalada com o suicídio de alguém que amava, mas não se deixava sentir as sensações. Não sei se foi proposital, mas ficou me pareceu muito dúbio os sentimentos de Leigh.

Além disso, a garota se fecha numa bolha completamente intransponível. Ela parcialmente culpa o pai por não ter estado presente nos últimos anos e deixa Axel, o tão amado e acolhedor amigo, de fora de todo sofrimento que está passando. Há muitas interações entre eles, conhecemos suas relações, mas tudo isso através dos pensamentos e lembranças de Leigh, não porque de fato está tendo uma interação entre eles. Não que isso tenha causado problemas na obra, mas eu queria ver confronto frente a frente, não algo proveniente de uma lembrança passada.

Outra coisa que me irritou na garota é a constante obsessão dela pelo pássaro. Tá, a mãe se tornou um pássaro e tals, tem algo totalmente estranho nisso e ela precisa descobrir o que é. Mas ela estava em Taiwan, uma cultura diferente da dela, conhecendo seus avós maternos que antes lhe fora negado aproximação, e ela ao invés de dedicar esse tempo todo e conhecê-los melhor, absorver a experiência de ver a mãe pelos olhos dos pais, ela fica 24h se preocupando com o maldito pássaro.

E eu cheguei a me perguntar o que a autora queria com isso. Ela correu tanto e tanto atrás disso na narrativa que quando enfim Leigh tem o pássaro nas "mãos", eu não entendi o objetivo final. Era pra Leigh conhecer melhor a família e os segredos guardados? Era pra ela ter uma visão diferente do que foi a mãe quando mais nova? Ficou uma coisa tão emaranhada que não entendi o motivo de ter estado ali.
Se tem uma coisa que eu gostei desse livro é a forma como ele aborda o tema. Apesar do suicídio, o livro não é sobre isso. É sobre depressão e família. Há anos a mãe de Leigh tem lutado contra a depressão e quanto mais revivemos o passado e as lembranças da garota, mais vamos percebendo os sinais. Eles sempre estiveram ali, o pai e a filha já sabiam disso, então não era uma surpresa que um dia talvez uma tragédia dessas fosse acontecer. Mas fica sempre aquele questionamento: será que ela não se sentia feliz? A culpa é nossa por não a termos amado o bastante? Será que não fizemos o suficiente? E ás vezes basta crer que a culpa não é de ninguém. Não é de Leigh que queria apenas ser uma adolescente normal e sofrer pelo amigo e não se preocupar com a mãe, ou do pai, que acabou se afastando durante mais tempo do que deveria. A depressão é simplesmente uma doença, que infelizmente ataca a vida das pessoas, e não tem porquês ou um culpado. Ela simplesmente acontece.

Uma coisa que eu também adorei no livro foi o pai da Leigh. Ele não é muito focado na narrativa, mas todas as lembranças dele com a mãe dela, e com ela, dá pra perceber o amor, a preocupação e isso o torna muito real. Ele amava muito Dory, faria de tudo para ajudá-la, mas sua relação com a filha se conturba por causa disso. Ele quer que Leigh faça algo de produtivo e não se perca em suas artes, ao mesmo tempo que tenta trabalhar, viaja sempre, cuida da esposa depressiva, a filha que não aceita seus conselhos. É muita coisa para alguém lidar com isso sozinha, mas dá pra perceber a tentativa. 
O livro também aborda, porém de maneira superficial, a visão que as pessoas tem de pessoas mestiças. Aqui no Brasil a gente tem o sangue tão misturado que não vemos muito isso, mas lá fora, principalmente na Ásia, onde as mulheres devem se casar com pessoas da mesma cultura, é normal se você não tem o mesmo tom de pele, ou tem olhos mais claros, olhos menos puxados, ser vítima de preconceito. Leigh sofre muito isso e até se diminui por causa desses fatores.

Se você quer um banho de cultura, você vai adorar esse livro. É cultura oriental, chinesa e taiwanesa de cabeça a baixo. São termos, palavras, comida, lugares... tanta coisa que torna tudo uma grande degustação cultural.

Sendo bem sincera, acho que a parte da fantasia, que foi o grande Q da trama, poderia não ter existido. Apesar do enredo querer mostrar as relações entre os familiares de Leigh, acho que muita coisa se perdeu por causa da obsessão da personagem com o pássaro. Se fosse só o livro adolescente envolvendo o luto, a depressão e os problemas da garota em superar isso, eu tenho certeza que teria gostado muito mais, mas eu indico mesmo assim para aqueles que querem tirar suas conclusões.
POSTADO POR MIRIÃ MIKAELY

13 comments

  1. Oie!
    É uma pena todos esses motivos negativos sobre a trama. Eu não sei se eu leria porque me irritaria com essa questão do pássaro também, mas apesar disso o livro tem assuntos que é do meu interesse como depressão, luto, família e novas culturas. Não sei o que esperar, eu acho que daria uma chance. A capa está linda.
    Beijos
    Our Constellations

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    1. Oi, Ana
      Acho que cada um precisa tirar sua própria conclusão, tenho certeza que a obra vai encantar muitas pessoas.

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  2. Oi Mi, eu gostei do tema e tals, mas eu acho que meio que perdeu o sentido da narrativa pelo o que vc falou. Vou deixar passar por enquanto a leitura.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Oi, Mi
      Acho que por ser estreante, a autora teve alguns erros de execução, mas a obra não é de todo ruim.

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  3. Oi Mi, sua linda, tudo bem?
    Feliz 2019!!!!! Que seja um ano com muito amor, saúde e realizações. Você viu minha empolgação em minha postagem quando falei desse livro. Que pena, estava com tantas expectativas que se pegasse o livro agora, pelo visto não iria gostar. Como eu não tenho o livro, vou deixar esfriar um pouco e quem sabe, não dou uma chance no decorrer do ano?
    beijinhos.
    cila.
    https://cantinhoparaleitura.blogspot.com/

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  4. Oi, Mi

    A capa é bem linda, assim como as cores. E apesar de ter achado interessante essa abordagem cultural e de ter curtido o fato de o livro não ser sobre o suicídio que nele ocorre, creio que não leria porque a história em si, como um todo, não chamou minha atenção.
    Essa mistura de gênero não funciona comigo não...


    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  5. Oie
    Não cinhecia o livro, achei interessante o enredo e a questão da cultura. Fiquei com vontade de ler a obra.

    Beijinhos
    https://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com/?m=1

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  6. Olá Mi,
    Quando a narrativa é expressante eu não consigo desenvolver a leitura. obsessão dela pelo pássaro???? kkkkkkkkk

    Aah, é complicado quando os personagens não conseguem nos conquistar, mas sinceramente esse não serie um livro que colocaria na lista de desejos, porque não é minha praia mesmo.

    Até mais!

    www.depoisdaleitura.com.br

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  7. Olá, Miriã.
    Eu gosto bastante de livros que abordem outras culturas, mas como um todo a história não chamou a minha atenção. É o tipo de livro que eu leria se ganhasse por exemplo, mas comprar acho que não vou . Mas amei a capa e que pena que o pássaro não teve um significado maior na história já que ele esteve tão presente na história hehe.

    Prefácio

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  8. Oi, Mi!
    Menina, que livro hein! Legal que ele aborda de forma consistente a depressão e luto, mas essa leitura monótona já me desestimula um pouco.
    Gente, real que não mostra o que tal pássaro é?
    Beijos
    Balaio de Babados
    Concorra a quatro livros e mais um kit de marcadores no instagram

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  9. Olá, Mika!
    Eu estava vendo esse livro em muitos lugares e não tinha entendido o motivo até agora, realmente parece ser uma história incrível. Acho que vou adicionar a listinha.

    Beijão!
    Lumusiando

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  10. Que livro lindo!!! Não sabia que tratava desses assuntos, mas achei bem incrível pelo que você falou. Vou adicionar na minha lista de leitura no Skoob, não quero perder de vista!

    Beijos
    Próxima Primavera

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    1. Oi, Clarissa
      Que bom que gostou! A capa é realmente linda e acho que pode te surpreender.
      Beijo

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