Coisas que escondemos dos outros - Lucy Score

Nash Morgan é o chefe da polícia da pequena cidade de Knockmount. Conhecido pela belíssima bunda e o bom coração, tudo muda quando uma emboscada o coloca entre a vida e a morte. Mesmo que todos tenham considerado sua recuperação um milagre, Nash não superou bem esse trauma. Tomando remédios para lidar com o estresse e a depressão, o jovem policial vira uma sombra daquilo que um dia foi, deixando todos à sua volta preocupados.

Lina Solavita trabalha para uma seguradora de objetos caros, e sua próxima missão é recuperar um artigo valioso de um importante cliente. Tudo leva a crer que o homem que atirou em Nash o roubou e o escondeu perto de Knockmount. Ela resolve ficar na cidade até conseguir encontrar mais informações e acaba se tornando vizinha do policial. 

Lina acaba presenciando um dos ataques de pânico de Nash, contra seu melhor julgamento, ela acaba o ajudando. Lina é a única que faz Nash sentir alguma coisa após o acidente, mesmo que seja raiva, e ele fará de tudo para se aproximar dela. Mas a mulher também esconde alguns segredos, e esses segredos podem mudar toda a relação que os dois estão construindo. 

Coisas que escondemos dos outros é o segundo livro da trilogia Knockmount, e apesar do primeiro ainda ser o meu favorito, eu gostei até que bastante dessa história. Confesso que demorei muito pra ler esse livro por causa do tamanho. Lucy ama escrever livros grandes e isso acaba me inibindo um pouco, mas antes tarde do que nunca.

Nessa trama temos temas mais sensíveis sendo trabalhados como traumas e depressão. O personagem de Nash claramente está sofrendo um grande estresse pós-traumático e isso não está o ajudando a superar o que aconteceu. É como se o acidente tivesse tirado as lentes cor-de-rosa a respeito da vida de um policial, e ele tivesse percebido que ele não é um herói imbatível como achou que seria. Há muita culpa e frustração por ter sido atingido e isso traz muitos questionamentos a respeito de sua própria identidade. Gostei de como a autora trabalhou esse aspecto da saúde mental do personagem, mas, ao mesmo tempo, sem pesar a narrativa da história. 

Em relação a sua personalidade, Nash é um homem facilmente amável por ser o típico policial bonzinho.  Mas ao longo do caminho, ele tem suas falhas e determinadas atitudes que irritam bastante. Então foi uma coisa meio "gostei dele, mas também quero matá-lo".

Lina é uma mulher bem girl power, acostumada com sua independência e muito confortável na própria pele. Ela tem algumas questões para se abrir e dificuldade de se conectar mais intimamente com outras pessoas, mas isso vem de um lugar do passado dela. Criada sob o escrutínio e atenção constante dos pais, ela cresceu querendo se provar e mostrar que é independente e não uma mulher indefesa. Normalmente esse tipo de característica em personagens femininas acaba irritando em algum momento, mas a autora não exagerou aqui. Não senti que a personagem estava se passando e por isso eu acho que simpatizei mais com ela do que com o mocinho, que hora ou outra me irritava.

O romance entre eles se desenrola até que devagar, visto a grande atração entre eles. Mas assim como no primeiro livro, a autora entrega bastante nas cenas quentes, porém acaba pecando no final, deixando toda a ação e resolução dos problemas para as últimas páginas, e se estamos falando de um livro de mais de 500 páginas, acho que a autora poderia ter equilibrado melhor essas questões.

Sei que muitos leitores não curtiram esse segundo volume e comparado ao primeiro, de fato é um livro mais fraco, mas foi uma leitura que eu gostei mesmo com os pontos levantados acima. Tô bem animada para ler o terceiro e último da série e tenho a sensação de que vai ser o melhor de todos.

Este livro foi lido na edição de português-Portugal.

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