Medium, mas pouco - Sarah Adler

Gretchen é uma médium que jura poder falar com os mortos. Ao menos é isso que seus clientes mais desesperados acreditam. Acontece que ela não passa de uma vigarista que aprendeu desde cedo tudo o que precisava sobre a arte da enganação. Seu pai é o maior deles. E mesmo não querendo seguir os caminhos dele, o fruto nunca cai longe da árvore, não é mesmo?

Por isso quando uma cliente importante oferece uma missão para Gretchen, ela aceita sem pestanejar. Há um amigo distante com uma fazenda de cabras a qual precisa desesperadamente vender. O problema é que o lugar é assombrado por um fantasma que assusta todos os possíveis compradores. Ela acredita que Gretchen é a única capaz de mandar embora o tal fantasma e ajudar Charlie, seu amigo.

Mas logo que chega a fazenda, a médium descobre que Charlie é muito mais novo do que imaginava, e que aparentemente, ele já conhece a fama dela, e não gosta nem um pouco de Gretchen. Para piorar, lá realmente vive um fantasma e ela é a única capaz de vê-lo e falar com ele. 

Everett é um primo distante de Charlie e foi condenado a assombrar a fazenda da família após uma maldição. Se Charlie vender o lugar, seu destino será o mesmo que o de Everett, e ele vai fazer de tudo para impedir essa empreitada. Agora Gretchen pode ajudá-lo, mas convencer um homem que você está falando a verdade quando ele te acha uma mentirosa vai ser mais difícil do que ela imagina...
Medium, mas pouco foi o meu primeiro livro da Sarah Adler (publicada no Brasil pela Editora Arqueiro), e agora já quero ler outros porque eu simplesmente amei essa história. Sabe aqueles livros estritamente viciantes, muito engraçados mas que no fundo entrega uma trama até mais profunda do que você imagina inicialmente? Medium, mas pouco é isso. A narrativa tem um tom muito divertido, bem humorado e é apresentada em 3ª pessoa. Apesar de ser um pouco diferente dos livros em 1ª pessoa, a gente consegue conhecer bastante os personagens, principalmente a protagonista.

Gretchen é uma pessoa que se esconde sob uma máscara de indiferença pois morre de medo de se importar com as pessoas. Importar equivale a ser magoada, e ela já foi muito magoada para querer passar por situação semelhante. Por isso conhecemos uma jovem solitária, que dá a vida para o trabalho, mas que não consegue fazer nenhuma conexão relevante fora dele. É através do Everett que vamos ver a primeira faísca de amizade surgindo em sua vida, e eu amei essa interação. Everett é um personagem tresloucado, um tanto politicamente errado - afinal, ele morreu há quase 100 anos e aquela época tudo era diferente -, mas principalmente, ele é intrusivo e impõe sua presença na vida de Gretchen sem perguntar. E isso é tudo o que essa mocinha necessitava. Alguém que tentasse quebrar suas barreiras e estivesse lá para quando ela precisasse. Não é uma amizade perfeita, poucas são, mas é tão revigorante pra história que foi uma das melhores partes do livro, na minha opinião.

O romance fica um pouco em segundo plano mas consegue ser igualmente encantador. A animosidade do Charlie pela Gretchen é gritante, mas tem uma tensão ali, tensão que vai ser lentamente alimentada pela convivência. É dessa forma que os personagens vão se aproximando e se apaixonando. Eu queria que a autora tivesse focado um pouco mais nele, mas não posso reclamar de como Charlie foi trabalhado.

O livro é muito divertido e segue um caminho não tão clichê por se tratar de um realismo mágico, mas todos os elementos de um bom romance estão ali. Foi meu primeiro favorito do ano e eu super recomendo!

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