Balthazar: seduzida pela ira - Nana Pavoulih

Lioara é uma ômega filha de um Alfa Supremo, a espécie de lobo mais poderosa que já existiu. Após os conflitos que levaram seu pai e seus tios a se tornarem os líderes dos lupinos, ela e sua família sabem que é questão de tempo para que Lio encontre um parceiro notável. 

No outro lado da Cordilheira dos Cárpatos, vivem um clã de vampiros puros, os Severus. Balthazar é o filho mais velho e está pronto para tomar o lugar do pai como líder. Noivo de uma vampira de outro clã, ele sempre seguiu as tradições e as regras impostas a ele. Sua família não preza o amor, e sim o bem do clã.

Mas o problema da linhagem dos vampiros começa a se tornar uma dor de cabeça. A concepção entre vampiros puros é difícil e já quase não existem mais deles pelo mundo. Buscando uma forma de contornar a situação, o pai de Balthazar acredita que uma parceria entre vampiros e lobos seria muito benéfica, afinal, qual ser poderoso poderia sair de um vampiro puro e um lobo supremo?

É pensando nisso que ele envia seu filho mais novo para que esse possa cortejar Lioara e assim ajudar na aliança entre as famílias. O problema é que a atenção da jovem loba recai sobre Balthazar, o irmão mais velho. Balthazar já está noivo de outra pessoa mas a atração proibida entre ele e Lio está longe de terminar. Será que ele conseguirá renunciar a vida que foi moldado para ter e se abrirá para uma nova chance de felicidade?

Balthazar: seduzida pela ira é o primeiro de uma trilogia de romance paranormal escrita por três autoras diferentes. Desde a última leitura que fiz de um livro da Nana, esse teve um salto muito grande em relação a qualidade de escrita com o anterior. Não que a escrita dela não seja boa, mas em Seduzida pela ira dá pra ver a preocupação em criar um universo rico em detalhes e pormenores que contextualizem o leitor, e ela consegue fazer isso muito bem. 

Eu fiquei muito envolvida com a dinâmica familiar entre vampiros e lobos (um clichê que eu amo) e não via a hora de ver mais sobre esse casal improvável. Porém, sinto que as coisas começaram a dar errado lá em meus 40% da leitura.

O primeiro ponto é que o livro é muito grande. Ele tem mais de 600 páginas e entendo que para uma fantasia isso às vezes se faz necessário, mas aqui sinto que foram páginas jogadas ao acaso. Nada de interessante acontecia em certo ponto da história e parecia que ela não caminhava para lugar nenhum. Quando pensávamos que algo ia surgir, voltávamos para o mesmo ponto. O problema aqui é que a trama perde o ritmo e começa a ficar cansativo e custoso de ler. Se a autora tivesse tirado pelo menos umas 200 páginas do meio do livro que não serviram pra nada, a leitura teria fluído muito melhor e eu teria desfrutado mais. 

Outro ponto que acabou me cansando foi a dinâmica de cão e gato da Lioara e o Balthazar. Nos primeiros momentos, essa tensão sexual mascarada por briguinhas foi divertida e envolvente. Lioara é bem reativa e age por impulso em muitas das situações, deixando seu interesse amoroso atordoado e sem saber como reagir, visto que a personalidade dele é o completo oposto: frio e desinteressado. Mas assim que começam a se envolver, vemos um homem apaixonado e dedicado, enfrentando conflitos internos sobre o que é certo e errado nessa situação. Eu confesso que amei o Balthazar! Tenho uma queda gigantesca por vampiros sisudos e ele é a personificação disso. Meu problema aqui foi a protagonista...

Enquanto Balthazar consegue ser carismático em todo o momento da história, Lioara tem aquela personalidade escaldante que das duas uma: ou você vai acabar gostando, ou vai se tornar cansativa pelo excesso, e o que aconteceu foi o segundo. Senti que ela só tinha dois sentimentos aparentes, raiva e ciúme. Se não estava com um, era outro. Isso a fazia agir sem pensar, ter reações exageradas e que nada condizia com a situação. Ela foi se tornando chata pra mim, e chegou num momento que eu não aguentava mais.

Acho que esperei demais das relações sexuais dos personagens, mas demorou tanto pra acontecer (o livro é enorme, pelo amor de deus) que eu perdi totalmente o interesse pelas cenas que vieram a seguir. Os 30% finais da leitura foram literalmente passadas por saltos e leitura dinâmica porque eu só queria terminar. Até o final que eu esperava que fosse ser um ponto positivo acabou sendo frustrante. A revelação final foi risível, sem pé nem cabeça, um grande mousse por nada, e a cena final foi exageradamente vergonhosa. Várias pontas soltas ficaram em aberto e eu senti que o livro não ofereceu nada do que se propôs. Reitero que se fosse uma história com menos páginas, talvez essa trama sem muitos acontecimentos tivesse funcionado, mas 600 páginas é longo demais para uma história que não tem nada a entregar.

Fiquei bem frustrada com essa leitura porque imaginei que fosse amar, ainda mais porque estava realmente gostando e adoro a escrita da autora, mas acho que ele foi se perdendo no meio do caminho. Não acho que seja um livro de todo ruim, mas definitivamente os pontos negativos superaram os positivos. 

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