Como tem sido os últimos dias por aqui...

Quem me acompanha deve ter percebido que tem quase dois meses que eu não dou as caras nas redes sociais. Pois é. Eu desativei o instagram porque eu estava muito cansada do conteúdo que eu criava por ali, seja como leitora ou bookinfluencer. Eu já falei muito sobre os motivos que me levaram a tomar essa decisão em outro post aqui no blog, mas hoje eu queria fazer uma atualização sobre como tem sido a vida por aqui, já que não tenho mais os stories pra contar e desabafar com vocês.

Desde que saí das redes sociais, o que eu tenho percebido é que toda aquela ansiedade pra ler muito e produzir da mesma forma, não tem mais caído sobre mim. Se eu não tenho onde postar, quem vai me cobrar essas coisas? Acho que essa foi a melhor parte de ter dado um tchau pro instagram. Não ter a obrigação constante de estar lá todo dia, sendo produtiva, mostrar que eu estou lendo... Ironicamente também, meu tempo livre aumentou bastante já que eu não tenho mais uma rotina voltada a criação de conteúdo, e nesse meio tempo eu tenho podido focar mais em casa e nas minhas tarefas do dia-a-dia, assim como relaxar assistindo uma série ou até mesmo escrever para o blog, que eu tenho feito muito nesse momento. Acho que isso tem sido minha janela de escape. Voltar a escrever pra cá preencheu um buraco que as redes sociais criaram em mim. Eu preciso me sentir parte de algo, de uma comunidade, e mesmo que os blogs estejam as moscas e ninguém leia o que tô escrevendo, o prazer de voltar as origens tem me fortalecido e isso já me basta no momento.

Não quer dizer que meu ritmo de leitura tenha voltado ao normal. Na verdade, eu acho que esse é o meu novo estilo de vida: ler menos e com mais cuidado. Recentemente eu finalizei um livro em dois dias e isso me deixou tão feliz, vocês nem sabem o quanto. Acho que vai ter momentos que vou ler rápido como antes, mas a maioria deles serão mais devagar. Acho que aceitar essa nova realidade me ajudou bastante a lidar com as frustrações e fez com que a corda invisível que eu sentia sobre meu pescoço afrouxasse um pouco. E isso também tem a ver com as redes sociais. A gente fica tão entupido de informações o tempo todo, tantos lançamentos no meio literário, que parece uma corrida pra ver quem vai ler o livro antes e postar a primeira resenha. E se você não tiver o mesmo pique dos demais, parece que você fica perdido no rolê e atrasado pra festa. Mas estar fora do meio no momento me desacelerou bastante e me fez perceber o quanto eu me punia por não estar lendo o suficiente. E caramba, isso foi o que fez a minha relação com os livros se desgastar ao nível da toxidade. O que era prazeroso deixou de ser, e eu via a leitura como um trabalho e não como um hobbie. Deixou de ser satisfatório pra mim, e quando eu percebi que isso tinha muito a ver com o que eu fazia na internet, foi aí que eu entendi que eu precisava parar e ressignificar novamente essa relação com a leitura. Tô fazendo isso aos poucos como comentei. Não vai ser da hora pro dia que eu vou voltar a ler mais, mas pelo menos eu não sinto mais essa obrigação em ter que correr pra ler os últimos lançamentos. 

Mas tirando a parte leitora da minha vida, esses dias foram bem estressantes também. Eu recebi minha tia e o marido dela durante uns 20 dias aqui em casa, e eu fiquei muito feliz de poder reencontrar alguém da minha família depois de tanto tempo, ainda mais minha tia que sempre teve uma conexão muito grande comigo. Ela é como uma mãe e irmã mais velha pra mim, ao mesmo tempo que faz papel de melhor amiga. Foi maravilhoso revê-la novamente, mas não quero dizer que não foi estressante também. Pensar no bem-estar do outro, organizar a casa, a comida, sempre se perguntar se eles estão bem e gostando da estadia. É sempre uma tensão muito grande receber pessoas na casa, ainda mais eu, que tenho um marido de outro país, outra cultura, que às vezes acha estranho nossos costumes de falar alto em casa. Foi um pouco estressante porque parece que eu tinha que agradar minhas visitas, que são pessoas da minha família, mas também tinha que agradar meu marido, então parecia que eu sempre estava apagando micro incêndios em uma guerra fria. Não quer dizer que esses dias não tenham sido incríveis, pelo contrário, foram perfeitos. Mas não posso negar que me senti aliviada quando eles foram embora também. 

E isso me trouxe um pensamento interessante sobre eu mesma. Sobre o quanto eu mudei nesses meses morando em outro país, o quanto amadureci como pessoa. Antes eu podia ainda ser irresponsável e um tanto descuidada com as coisas porque eu tinha uma rede de apoio presente. Tinha minha família, minhas irmãs, minhas tias. Mas morando sem eles, eu tive que crescer muito rápido em pouco tempo. Todos aqueles defeitos que minha mãe reclamava de quando eu morava com ela, eu compreendi. E hoje sinto o prazer de dizer que eu consegui ultrapassá-los. O que eu quero dizer é que apesar da saudade imensa da minha família, do sentimento de solidão que às vezes me passa, eu sinto que essa mudança foi um presente muito importante para eu como ser humano. Eu evoluí bastante, entendi as reclamações dos meus pais, amadureci e hoje sou uma pessoa diferente de 10 meses atrás.

Esses últimos dois meses tem sido de muito aprendizado e autodescoberta. Eu ainda me sinto um pouco perdida quanto ao meu futuro, ao que eu quero fazer. Será que eu volto pro instagram? Será que eu procuro emprego e paro de falar que vou estudar pra concurso? Será que eu continuo morando aqui ou tento voltar pro meu país? Vou querer ter filhos com meu marido? Ainda não tenho as respostas pra essas perguntas e eu acho que a falta de um propósito na minha vida tem me deixado à deriva. Juro que até ir pros cultos na igreja tem me feito muita falta. Sinto essa saudade de me reconectar com Deus, de me sentir abraçada por Ele, mas parece que quanto mais fico perdida, mais eu me afasto, e Deus sempre foi uma âncora pra mim. Sempre acreditei os seus propósitos pra minha vida. Tenho saudades de conversar mais com Ele, de sentir a sua presença, de ser mais crente na Sua palavra. Sei que nem todos acreditam em um ser divino e não possuem religião, mas eu nasci e cresci na igreja e apesar do mundo hoje não ser tão tolerante, eu ainda me fortaleço bastante na figura dEele, por isso eu sinto tanto essa falta, sabe? 

Enfim, acho que me desviei um pouco do sentido do texto, mas só queria dizer que os dias por aqui tem sido assim, um pouco confusos. Mas espero que até o final de dezembro, essa sensação de inquietação tenha sido sanada e que eu possa voltar mais feliz no ano que vem.

2 comments

  1. Primeira vez aqui, e foi muito bom ler isso!
    Eu também dei um tempo das redes e, embora eu não seja criadora de conteúdo, senti a mesma coisa. E me pareceu que ninguém entendia essa pressão de estar sempre inteirado sobre tudo e sempre participando. E isso sobre receber familiares e ter jogo de cintura para lidar com quem a gente ama, é realmente super cansativo e a maioria das pessoas não admite ou aprecia o trabalho. Me senti falando com uma amiga, sou pré-vestibulanda de Medicina há cinco anos, e eu me sinto perdida, parece que tudo se repete, o estresse de estudar, a prova, a ansiedade antes da inscrição e depois a tristeza por não passar, é com isso parece que minha vida não "anda", ainda que diferente compreendo a sensação de estar perdida.
    Espero que as coisas estejam melhores agora e que você tenha conseguido se aproximar de Deus, porque independente da onde você estiver ele vai estar com você.

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    1. Acho que esse comentário foi uma das coisas mais gentis que falaram pra mim recentemente. É estranho saber que em algum lugar, alguém leu o que eu escrevi e de alguma forma se identificou porque entende ou por estar passando por algo semelhante. Uma coisa que tem me comido viva é a falta de propósito. Acho que você vai entender sendo pré-vestibulanda. É tão difícil fracassar e ter que recomeçar todo o processo... não que eu tenha estudado muito pra concurso, mas a incerteza de não saber se aquela é a minha vez e saber se continuo tentando ou mudo de propósito, é muito complicado. Eu me sinto muito perdida, sem saber como tomar decisões difíceis que a vida adulta acaba trazendo. E isso me deixa muito triste também, porque eu não me sinto preparada pra "viver". Parece que eu tô num loop eterno tentando e tentando e nunca chego lá, e eu olho ao meu redor e tem pessoas bem-sucedidas, com seus empregos, construindo algo... e eu tô aqui. Sentindo que meu tempo passou. É bizarro o quanto essas inseguranças se abatem sobre nós, e nos sentimentos tão jovens, mas, ao mesmo tempo, tão velhos pra continuar parados no mesmo lugar. Eu às vezes me sinto um fracasso, essa é a palavra. E infelizmente esse sentimento não vai embora até a gente ver algo se concretizando na nossa vida. E aí que fica os questionamentos: continuar tentando ou mudar de foco? Espero demais que você se sinta acolhida através desse texto e que de alguma forma, você se sinta abraçada por encontrar alguém que te entende.
      Obrigada pelo carinho!

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